Ele colocou o fumo no cachimbo, levou a boca e com um isqueiro acendeu. Deu um trago longo.O sol passava entre as folhas das arvores, o vento soprava de leve, nas ruas as crianças não corriam e nem gritavam ainda, a pequena praça só alguns pássaros cantavam.
E a menina, estava ali sentada do lado dele, sem falar nada apenas observando, aquele rosto marcado pelo tempo.
Então ele respirou fundo, olhou para cima, olhando para as arvores, para as folhas e começou a falar:
- Ao mundo com seus encontros e desencontros, confiei e perdi.
Mais em tudo ganhei: é preciso saber confiar, saber reconhecer onde está realmente as vitórias inclusive falo do 'desistir'. Saber desistir, em algumas ocasiões foi o único caminho de encontro com os meus abismos.
Encontrei nos lugares antigos do passado, luz que antes não havia, caminhos onde não existiam, pontes e céu.
O quê pretende saber?
Todas às vezes que o sol no céu não foi o bastante para iluminar?
Então, é isso! Dos meus tombos? De todas as quedas? De todas às vezes que o mundo e tudo dentro dele me pareceu pequeno e cheio de alicerce mal acabados?
Gosto de fechar os olhos: ver o filme que passou. Tudo que existiu, imaginar o que pode estar por vir não são sonhos nem ilusões, apenas gosto de me perder no que acredito ser bom e assim me encontrar nos braços, no olhar... não falo de amor, do para sempre, eterno ou de todas aquelas cobranças que tanto me assustavam. Falo de cuidado, confiança, lealdade, carinho, um imenso querer bem.
Então, um rangido auto interrompeu sua fala, do outro lado da rua, em frente a praça, Anna abria o portão.
Parada em frente de casa ela olhava o velho Theo sentado no mesmo banco, aonde todas as manhas bem cedo ele ia para fumar seu cachimbo.
- Esta na hora do remédio.
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