Eu queria ser poeta. Mais sou apenas um contador de
historias.
Estou escrevendo esse texto, mas
sinceramente espero que ninguém o leia.
É neste ponto que nasce a primeira
pergunta.
Porque estou escrevendo e não
apenas pensando?
Acho que escrevo, pois o ato de
escrever me deixa mais consciente que minhas condições são reais. Por falar em
condições, irei começar.
Sabe o coração de uma pessoa que já
morreu? É assim que estou, parece que não vejo mais nada além de uma enorme
linha reta e, de vez em quanto, uma leve alteração no gráfico, que, por alguns
minutos, parece mudar, porém volta a ficar na estaca zero.
Mais uma vez, gostaria de afirmar
que não é minha intenção que esse texto seja lido por outra pessoa, e caso
alguém venha a fazer isso, por favo não se identifique, pois são apenas
palavras de um bêbado solitário no final da noite.
Minha segunda indagação da noite,
que talvez seja consequência das duas últimas doses de conhaque que tomei é: Porque
nos apegamos às coisas, se ao final iremos morrer de qualquer forma?
Não eu não sou pessimista, apenas
penso constantemente na morte, mais do que as outras pessoas, penso eu, ao menos,
não sei, só sei que penso constantemente na morte. Já perdi alguns familiares,
odeio ter de falar neles, mas só os tenho como exemplo.
A morte para mim é como uma vela,
pois sabemos que um dia irá apagar, porém a chama enquanto acessa é necessária
para podermos acreditar.
Sempre são muitas as bestares que
um bêbado escreve ao final da noite, agora termino de tomar mais dois copos de
conhaque, sinto que o texto que escrevo para mim mesmo, ainda não fala o
suficiente sobre as coisas que preciso falar.
Acho que sempre fujo do foco, não
por querer fugir, mas por pensar que as pessoas de uma forma ao de outra podem
se identificar com o meu texto, porém repito mais uma vez, esse texto não deve
ser lido, são apenas pensamentos de um bêbado de final de noite que acaba de
entronar mais um copo de conhaque.
Eu odiava bebidas quando era
criança, quando via meu pai bebendo sempre dizia para mim mesmo.
- Eu nunca irei
beber, nem fumar juro por deus.
Parte disso é verdade, pois
verdadeiramente nunca bebi nem fumei, uísque ou charuto, não sei se é por
que verdadeiramente não gosto, ou por ser as duas coisas que meu pai mais fazia.
A noite para uma pessoa que bebe
pode ser amiga ou inimiga, depende dos companheiros, pois quando bebemos com
alguém a bebida se espalha no sangue e esquenta as orelhas, dessa forma, rimos
bastante e nos divertimos, porém ,quando bebemos sozinhos, a bebida se
concentra no cérebro e nos trás na lembrança memórias nem sempre
agradáveis. As lembranças de minhas doses de conhaque estão cada vez mais
fortes, por isso, sinto-me incomodado por saber que alguém possa um dia ler
esse texto, mesmo que não o entenda, estará lendo as memórias desordenadas e
fragmentadas de um bêbado de conhaque da noite.
O conhaque, meu tão amigo da noite,
não costumava ter-lo em outrora, foi apenas por influencia de uma amiga, que há
tempos não a vejo, que comecei a entorná-lo duas ou três vezes por semana, às
vezes, bebo só para relaxar, porém quando passo do ponto, perco o controle e
começo a ser mais eu. Ser eu, ou melhor, sempre sou eu claro, mas poder ser um
eu de mim mais profundo nem sempre é fácil, nem sempre é bom. Acho que as doses
de conhaque que bebi já me deixam com menos medo e mais vontade de correr pelo
o mundo, como no momento estou impossibilitado, vou pegar meu celular, ligar para
algum numero, falar mais algumas besteiras e quando a bebida subir, mais um
pouco, irei dormir o sono dos bêbados e dos sonhadores.
0 comentários:
Postar um comentário