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Depois de algum tempo tendo problemas com o blog, hoje dia 17 de Setempro de 2013 eu consegui arrumar o lealt e o template. Estarei postando alguns textos que já tenho pronto. E para deixar bem claro, todos os textos que aqui são postados são registrados por data e hora de postagem pelo blogspot que faz parte do google.com. Os textos que não são de minha autoria terão o nome do autor em baixo do texto em questão. Já os que não têm nome por logica devera ser os meus. Espero que gostem do blog, e agradeço se puderem comentar as postagens.

Grato: Welder Campos Rodrigues.

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Sobre morte e vida, formigas e o poder de tirar uma vida!






Eu queria ser poeta. Mais sou apenas um contador de historias.

Agora, vamos contar uma história…
Uma história, algo menor que uma fábula, pouco interessante para quem assoprou as dez primeiras velas.

Ninguém presta atenção em formigas, a menos que estejam amontoadas, que façam cócegas em dedos desatentos ou levem seu chocolate embora.
Eu não tinha nenhum chocolate e minhas mãos estavam muito bem protegidas. As lágrimas escorriam. Nada que mereça uma autopiedade. Apenas a necessidade de molhar os olhos em uma madrugada que evaporava quase tudo ao meu redor.
Ao meu lado um ponto se mexia fracamente. Provavelmente os passeios até o outro lado da cama numa insônia inquietante que se assemelhava com chamas incendiando o meu corpo renderam-me uma companhia menor que a minha solidão.
Era um sopro de vida turvo, virado do avesso, com patas e antenas em movimento fraco, um córrego sem correnteza, uma gota d’água descendo a ladeira.
Tradução para uma formiga ferida em dia de luto interno.

Virei-me, pois queria ver de perto o que em outro momento, nas asas da banalidade do cotidiano, eu jamais teria prestado atenção, como vocês provavelmente não, a menos que estivessem como eu, implorando por um sopro de poesia qualquer que não viesse de vossas mãos.
Uma formiga não seria o mais adequado para chamar de poesia. Uma formiga morrendo é pouco. Uma formiga morrendo ao lado do assassino, continua sendo uma formiga. Assassino, eu? Assassino de quem? Ora, qualquer um poderia ter esmagado. Mas não era qualquer um. E era uma formiga, apenas uma. Aquela que faltaria com comida no formigueiro, sem falta, porque de falta de formiga esse mundo não sofre.
O abdômen estava levemente amassado, indo para frente e para trás, num esforço para virar-se. A dor era visível. As mandíbulas abriam-se e fechavam-se, numa luta cada vez mais perdida.
Uma ruga no meu rosto. Vá, vire-se. Não desista. Você consegue. Você está ferida, mas você consegue. Você aguenta dez vezes o peso do próprio corpo, não é isso que dizem?

Meu corpo sem alma não vale uma grama.
Espere um momento.
Eu estava mesmo torcendo por uma formiga?
Naquele ridículo momento, a vida daquele ponto preto valia alguma coisa. Valia mais do que a minha vida. Eu, chorando, naquela madrugada tenebrosa, enquanto estava protegido de frio e fome embaixo da coberta, cheio de dor, cheio de ferida, cheio de mim e vazio como o vácuo da física.
Tudo o que ela precisava fazer era parar de se mexer. A morte viria mais rápida, o sofrimento teria fim.
O pensamento mudou.
Desista. Chega. Pare com isso. A vontade que tive foi de esmagá-la com as unhas. Acabar com toda aquela dor de uma vez.
Aproximei o dedo, cutuquei-a, ela reagiu docilmente, tentando usar o meu dedo para virar-se, mesmo que suas patas já não respondessem mais.
Tola...
Eu não estou tentando te ajudar. Eu quero te matar. E você vai me agradecer por isso. “Você é muito novo para sofrer assim”.
Você vai me agradecer por tirar o gosto da vida na sua boca.
“A dor é temporária”.
Você vai implorar para que eu acabe com essa vontade de viver. Viver pra que se você só vai trabalhar?
“Todos vamos morrer um dia, aproveite a sua vida”.
Eu vou acabar com você, como esse sofrimento está acabando comigo. Sem culpa.
“Vai ficar tudo bem”.
E se fosse eu? E se fosse eu de abdômen pra cima, abdômen ferido, querendo morrer e desejando a vida? Eu teria a mesma força? Eu teria a mesma garra de me apoiar nos dedos de alguém com o golpe da misericórdia em mãos? Ou eu desistiria?
Ela já estava morta. Era só o impulso que fazia as antenas se mexerem. Onde fora parar o meu impulso?
A pergunta, na verdade é: Onde fora parar o estímulo do mundo inteiro?
Onde estava o estímulo e a irracionalidade que me fariam levantar daquela névoa e dizer a mim mesmo: Você consegue ser mais forte do que isso. Você consegue pisar em si mesmo e depois usar teus próprios pés para se reerguer, mesmo que morto você já esteja, porque teu corpo reage. Você não irá desistir tão fácil assim.
Mas minha carne sucumbira sem antes lutar. O choro aumenta. Eu podia sentir a força dentro de mim amassando meus órgãos como amassei aquela pobre formiga, sem querer.
Usei o que eu tinha de melhor para me destruir. Usei meus pés, minhas mãos, usei meu medo da morte, usei tudo isso para ser mais fácil.
Vamos acabar logo com isso, eu disse. Vamos encurtar o caminho.
Mas eu não sou tão pequeno para ser esmagado por unhas alheias. Às vezes, a fragilidade é uma dádiva. Não há mais nada o que fazer. Coloquei uma folha de papel embaixo do inseto e coloquei-a no chão, onde outras formigas ignoravam o pequeno funeral.
Ela continuava se mexendo, lutando, contradizendo a natureza, mandando pro inferno a minha fraqueza.
Lavei o rosto…
Isso dará um belo texto.
Caderno e caneta.
Eu preciso escrever sobre isso. Corri para o quarto, com a cabeça na filosofia que iria nascer a partir da luta de uma formiga para manter-se viva, quando senti embaixo dos meus pés a tragédia renascer.
Uma formiga morta, dessa vez de abdômen estraçalhado.
A tristeza estava sem companhia. A gramática é mais importante que a matéria-prima, que tipo de idiota eu sou, para considerar mais importante o baú do que o tesouro?
Que idiota eu sou, repito?
Quão humano eu sou…? Quão desprezivelmente humano e fraco eu sou?
A dor e a morte, a liberdade e a vida, a formiga, a amizade, o sentimento, a força, o papel e a caneta.
É tudo questão de prioridade.
Qual é a sua prioridade agora?
Ora, dane-se. Era só uma formiga.


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Viva o Livre!

Declaro aberto os portões desta Sociedade Alternativa. Sintam-se platéia de um palco cheio de personagens que nem eu sei de onde vieram.
A única coisa que sei é que eles estão dentro de mim e que vão começar a aparecer.

Melhor se acomodar, que a cortina já abriu...

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