Nós,
seres vivos, não somos infinitos, somos uma espécie de ciclo.
Ciclos
que se estendem em imensidões e em formatos que desconhecemos, mas que
esbarramos durante nossas existências.
Quando
um estudante está no terceiro ano do seu ensino médio ele está no fim de ciclo,
ao invés de um do primeiro que está apenas começando a riscar com um giz seu
caminho. E isso é óbvio.
O
inusitado dessa situação é que não reparamos que esses ciclos se colidem. E se
consolidam em algo maior, tornando a herança de um colégio ou instituição.
No
fim das contas, todos terão seus ciclos concluídos. Diversos momentos e
instantes das vidas de milhares.
Porém
na existência e duração da edificação que recebeu esses seres, foi apenas um
longo e extenso registro. Podemos chamar isso de história. Mesmo com seus pós,
prés e reformas, o lugar permaneceu o mesmo.
Nossas
vidas também não são momentos isolados, são ciclos e mais períodos que se
completam. Não devemos ficar tristes ao lidar com um fim ou uma espécie de
ruptura em nossas vivências rotineiras.
Fins
são apenas recomeços ou começos de coisas diferentes.
O
fim do colegial é o início da vida adulta e rodeada de responsabilidades, porém
com novas licenças. O término de um ensino superior é o despertar de uma
carreira e quiçá uma vocação.
Momentos
difíceis são como estiagens, sempre possuem um fim. E o que vem após isso é
alegria, é florescer, é renascer de coisas antigas com rostos novos. Momentos
passam, lembranças ficam, lágrimas correm e apertos no coração nos seguem pelo
resto da vida. Dolorosas como agulhas no novelo de lã.
Porém
essas coisas são o que tecem nossas vidas. Agulhas são os sentimentos, em
alguns momentos são agudas como em espetares de sentimentos tristes. Ou são
construtivas ao tecer nossas novas circunstâncias e perspectivas ao formar o
que realmente somos.
Como
uma costureira após desgastes e embaraços constrói uma blusa, uma calça ou algo
diverso, em nossas vidas estamos montando uma peça, uma trama, um desenlace
para tudo que deixamos sem explicação. Construímos um ciclo, sem muitas vezes
reparar nisso. E nunca realmente percebemos que este é formado de milhares e
milhares de pontos e remendos que também são ciclos, que são imensos e
infinitos por si só.
Se
você procurar algum tecido e olha-lo atentamente e com muito cuidado, reparará
que este é feito de diversas ligações. Nossas existências são como isso. Em
cada fio existem diversos ligamentos e ligações.
E
em um pedaço de tecido existem milhares e às vezes milhões de fios. Somos todos
imensos e complicados. Porém juntos, mesmo sem perceber ou querer, somos uma
manta, uma trama inteira. Um livro cheio de palavras iguais mas ao mesmo tempo diferentes.
Um
dicionário com verbetes de origens das mais diversas. Um aparelho eletrônico
com ‘’trocentas’’ peças e características.
Nós
nos sentimos independentes... e somos.
Porém,
somos ligados aos outros deste mundo caótico.
Seja
à pessoas mortas ou vivas. Os mortos vivem nas lembranças e legados que deixaram.
Os vivos morrem em seus trabalhos e afazeres diários.
Todavia,
tudo pulsa e tudo faz o mundo girar e se manter vivo. No final, não estamos
sós. Nunca terminamos, sempre deixamos parte de nós aonde quer que estejamos.
Como impressões digitais ou rastros na terra.
A
vida não tem fim.
Estou
terminando uma parte de minha vida, ano que vem nada será o mesmo, serei um
Pós- Graduado em Gestão Ambiental, mas tenho a impressão que estarei no mesmo
lugar ainda.
Chorarei
e me envolverei com outros textos e atos, talvez esqueça coisas que fiz este
ano. Porém acho que a melhor parte permanecerá em minha memória. Talvez de modo
vago como uma canção esquecida ou dolorosa como uma cicatriz de um ferimento
grave.
Todavia,
terei lembranças e farei novas lembranças. No fim das contas, perceberei que
minha vida foi diversa e que pareceu terminar em alguns pontos ou ruir em
outros, mas que no produto foi apenas algo homogêneo.
Eu
nunca me esquecerei desta ideia, e preciso me lembrar disso para não me
desapontar na estrada.
Preciso
lembrar que estou à beira de um fim, um cessar de algo pequeno como uma sala de
um apartamento, para logo após encarar a imensidão de um universo extenso e
vasto como meus sonhos.
Não
se esqueça, que lágrimas ou problemas até mesmo frustrações de uma promoção no
emprego que não veio, são coisas bem menores do que os oceanos que você ainda
terá que encarar daqui para frente. Esta é a vida adulta.
Somos
profusos, cheios de fusos e sempre confusos. Existimos. Estamos. Permanecemos.
Mudamos. Vivemos. Morremos. Porém nunca deixamos de ser.
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