Primeiro texto do ano, meio atrasado mas esta ai!
Quando eu estava escrevendo minha monografia de conclusão de
curso em Geografia, eu li em um texto do Marcelo Gleiser, que nós somos feitos
de poeira das estrelas, e eu achei isto incrível e nunca mais isto saiu da
minha cabeça.
Eu olhando para o céu algumas centenas de vezes, enxerguei
uma ‘’estrela cadente’’, achei estar ficando louco, fiz um pedido mesmo assim,
me senti bem depois.
Se a gente é feito de poeira das estrelas, numa casa muito
grande, num espaço muito familiar, gente comendo, conversando, sorrindo,
amando, eu vejo uma avó um pouco corcunda, mas sorridente, vincos fundos no
rosto, cabelo grisalho, uma chuva forte acima da cabeça. E ela varre. Com
passos ritmados, com uma calma assustadora, com uma esperança imaculada, como
se possuísse dentro de si algo desconhecido aos outros, ela varre pra longe
essa poeira colorida e brilhante que é o que a gente é.
Se a gente é feito de poeira das estrelas, num quarto extremamente
quente de uma garota pertinho dos quinze anos, tem aquela parte onde tudo é
infinito, livros de A a Z espalhados pela estante de uma madeira que nem se
possibilita saber qual é, abrir um livro há muito tempo fechado é desabrochar
um mundo completamente novo. É liberar pó pelo quarto, é mergulhar no colorido
inerente, é estar em alguma nebulosa antiga, voando, vendo planetas, entre essas
coisas magníficas que é o que a gente é.
Se a gente é feito de poeira das estrelas, um mundo grande e
cheio de gente louca e sã, de gente burra e esperta, de gente que vai e de
gente que por medo fica. Se a gente é feito de poeira das estrelas, cidades,
países, oceanos, atlânticos, desertos e lugares, o mundo todo é feito de poeira
das estrelas porque o mundo todo nos é, e nós, em nossa singularidade doente,
também o somos.
Num dia que estava estudando, eu li um texto que dizia “As
estrelas explodem.”
Veio à minha mente, a gente vai explodir? A gente vai
desaparecer? A gente vai sublimar? A gente vai virar vazio? A gente vai se
perder pelo vácuo? A gente vai deixar de ser? A gente vai virar escuro? Ou
esses grãozinhos que caminham por aí à procura de água, de comida, de amor,
esses grãozinhos vão se esconder pelos buracos até que num futuro distante algo
gigante encontre esse planeta, sacuda tudo que há pra sacudir, entenda, e
depois, simplesmente nos tire, com um sopro nem tão forte assim, mas
suficiente, para nós varrer de toda a face da história terrena?
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