O céu é o limite.
E que assim seja.
Passa-se partes da vida trançando caminhos que
possuam algum ponto de chegada, mas não quero falar desses fins de caminhos que
a rotina, a tradição e a sociedade nos impõem.
Quero os sonhos.
Quero os caminhos impalpáveis, alimento das
nossas esperanças.
Desde quando éramos crianças, pulávamos dez casas
amarelas regularmente organizadas até chegar ao céu, enfrentando pelo meio um
inferno pintando de giz. Dez pulinhos frenéticos, cheios de energias, visando
apenas a satisfação e alegria de chegar com os dois pés num pequeno céu de um
metro de diâmetro. Um céu limitado que nos fazia se sentir donos de um mundo
inteiro.
Dirigindo e fazendo meu caminho de praticamente
todos os dias, vi quando o vermelho do semáforo apareceu. Olhei pra frente,
melhor, olhei para o céu. As nuvens, naquela hora, não estavam desenhando.
Talvez, estivessem de folga e descansando as canetas, assim como nós que
trabalhamos com desenhos, imagens ou escritas. Talvez, as nuvens estivessem só
se divertindo e brincando de desenhos abstratos, para que aqueles que tiraram
minutos do seu dia ficassem a pensar sobre o que seriam aqueles amontoados de
algodão no céu.
Para mim, as nuvens eram apenas nuvens aquela hora.
E o céu?
O céu tinha se transformado no meu limite.
Estaria sempre ali. Se eu andar para frente, ele
estará sendo a minha chegada. Se eu decidir voltar, ele estará ali
aconchegando e guiando meu novo caminho.
Se eu cansar e deitar no chão, na grama que é mais
gelada ele estará em parte sendo inteiro, enchendo de vida e criatividade meus
olhos e meu coração.
Céu de noite.
Céu de dia.
Céu de estrelas.
Céu de lua.
Céu de desenhos.
Meu céu.
Meu limite...