Eu a chamo de Mundo pelo fato de ela ser muito grande e ter esconderijos preciosos e escuros descobertos nas minhas expedições vestido de pirata.
No primeiro mora um velho simpático com um cabelo marrom com branco que toca violão, flauta e alguma coisa que eu não sei o nome toda noite.
Moro no segundo andar com minha mãe, meu pai e um irmão estranho. Costumam me achar estranho, mas eu não sou; ele quem é.
Bem, o terceiro andar há muito não é habitado por alguém, que eu saiba. A casa é antiga; tem aparência de coisa que é guardada dentro de uma caixa e a cor desbotou. As paredes são de um azul desbotado e sujo e as portas e as janelas tem uma cor laranja, que quando abertas parecem retângulos pintados em uma tela azul desbotado e sujo. A rua é calma. Em frente a Mundo mora a velha Zalu que cobra mensalmente os aluguéis dos andares. Ela é uma velha boa e faz doces tentadores. O portão de entrada é cinza, tem umas pontinhas afiadas, que parecem agulhas, apontando para o céu e é forte - até hoje, depois de tantas boladas e pedradas, não quebrou. Ele é alto, mas tem um pedaço de ferro colocado na horizontal, que dá pra escalar levando apenas alguns arranhões. Já estou acostumado, consigo atravessá-lo sem dificuldade, mas, quase sempre, está aberto e não preciso me aventurar. Uma pequena escada que antecede o portal de entrada me deixa do tamanho do portão. Minha mãe disse que é só uma tal de ilusão, mas eu afirmo, eu fico do tamanho do portão!