Você é o curioso...

    contador de acesso grátis
    ...
    ''O direito a ser iguais, quando a diferença nos inferioriza; o direito a ser diferentes, quando a igualdade nos descaracteriza''.

Informação geral.


Depois de algum tempo tendo problemas com o blog, hoje dia 17 de Setempro de 2013 eu consegui arrumar o lealt e o template. Estarei postando alguns textos que já tenho pronto. E para deixar bem claro, todos os textos que aqui são postados são registrados por data e hora de postagem pelo blogspot que faz parte do google.com. Os textos que não são de minha autoria terão o nome do autor em baixo do texto em questão. Já os que não têm nome por logica devera ser os meus. Espero que gostem do blog, e agradeço se puderem comentar as postagens.

Grato: Welder Campos Rodrigues.

Powered By Blogger

Uma vida de amor, para que nunca se esqueça que o amor verdadeiro existe.



Eu queria ser poeta. Mais sou apenas um contador de historias.



Em meados dos anos 50, em uma cidadezinha pequena, em algum lugar do Brasil, onde os detalhes não importavam e as pequenas coisas prevalecem sempre. Encontrava-se Antônio, mais um trabalhador árduo, desde jovem sempre trabalhou na roça, em condições humildes.
Ele nunca se importou com as coisas de maior valor, assim como muitos que vem de cidade pequena. A família nunca se importou com ele.
Não sabia ao certo o que significava família, nem de longe.
E Judith, uma jovem da cidade, que assim como Antônio, trabalhava desde cedo. E que vivia por conta própria.
Todos nós estamos cansados de ouvir essas histórias de nossos pais ou avós. De como antigamente trabalhavam desde pequenos e tinham que ter independência.
Não era diferente com eles.
E inevitavelmente, eles se conheceram.
Antônio encontrou a parte que lhe faltava em Judith. E Judith encontrou a paz que lhe faltava em Antônio.
Essas coisas de sempre. Vem à amizade, a paixão e o amor. Ambos não sabiam o que era ter alguém ao seu lado, não sabiam o que era ter alguém para contar, para conversar, para cuidar. E foi exatamente por isso que eles se deram tão bem.
Trabalhavam cada vez mais, e também se apaixonavam cada vez mais.
Antônio fazia questão de todos os dias, levar uma rosa que roubava de um dos vizinhos da região para ela. Era algo errado, pelos motivos certos.
Em certo dia, ele comprou um radio, e eles passavam as noites ouvindo musicas do Elvis Presley, cantando e dançando.
Judith nunca se importou que ele não soubesse dançar. E Antônio nunca se importou que ela não soubesse cantar. Mas eram as noites mais felizes e bonitas de ambos. Em uma dessas noites, Antônio havia esperado Judith, como fazia todos os dias, e lhe disse que tinha uma surpresa.
Levou até um dos lagos da cidade, entregou a rosa do dia, mas com uma diferença, um bilhetinho pequeno, escrito com a sua letra, um garrancho, melhor dizendo. E nele estava escrito “ Sei que não sou um cara charmoso, rico ou maravilhoso, mas deixa eu te mostrar que posso te fazer feliz? Eu não vou precisar de nada disso para fazer isso. Foge comigo e vamos construir a nossa família? Deixa eu te cuidar? Se você quiser, se meu amor bastar.”
Judith, sem palavras, olha fixamente para frente, quando vê Antônio dizer.
- Aceita casar comigo?  
Ela, quase que imediatamente, responde.
- Eu aceito.
Algumas semanas depois, estavam os dois, juntando suas malas, e o pouco de dinheiro que tinham, foram embora para a cidade grande.
Eles mal sabiam por onde começar. Foram para a igreja, e mesmo que sem familiares, trataram de logo casar.
Assim que o padre terminou a pequena cerimônia, ele chegou à parte. 
- Judith, você aceita Antônio em casamento, prometendo amá-lo, respeitá-lo e ser fiel, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias de sua vida, até que a morte os separe?
- Eu aceito.
Repetiu o processo com Antônio, terminando com ele respondendo.
- Eu aceito.
E o padre terminou dizendo.
- Eu vos declaro, marido e mulher, pode beijar a noiva.
Antônio beija Judith intensamente, ela olha para ele e diz.  
- Até que a morte nos separe Antônio. Eu te amo.
E Antônio, sem pensar duas vezes, diz.  
- Até que a morte nos separe Judith. Eu também te amo.
Aos poucos, eles foram se acertando, passaram por grandes dificuldades, é verdade. Mas o amor forte e intenso que sentiam um pelo o outro, parecia superar qualquer barreira e dificuldade que fosse. Logo Antônio conseguiu um bom emprego, trabalhando em uma fábrica famosa de carros, e em pouco tempo, já estava comprando um terreno e construindo a casa que tanto sonhara ter com Judith.
Assim que terminaram a construção da casa, vinha o primeiro bebê. Eles nunca tinham ficado tão felizes.
Ele cuidava melhor do que nunca de Judith e do bebê, comprava tudo que ela tivesse vontade, e se dedicava cada vez mais no trabalho. Com o nascimento e a alegria que o bebê trouxe, eles olharam para si mesmos, e descobriram, finalmente, o que era realmente uma família.
Um encontrou no outro a resposta para o que ambos haviam buscado. Família era ter os seus sonhos, medos, desesperos e dificuldades compartilhados e acima de tudo, ter um ao outro. Mesmo que tudo lhes faltassem, o importante eram eles se completarem.
Dois anos depois, o segundo filho chegou. E dois anos mais tarde, o terceiro.
Eles eram uma família humilde, porém de um caráter admirável. Criaram os filhos de uma forma justa e correta. Embora tivessem passado por coisas difíceis, os filhos cresciam felizes e sempre sorrindo.
Cada filho foi crescendo, se tornando homem ou mulher, e aos poucos, foram atrás de fazer o próprio futuro.
Antônio e Judith haviam criados filhos maravilhosos e se orgulhavam todos os dias por isso. Eles também, de certa forma, criaram os netos que viriam a seguir.
Porque muitos passavam mais tempo na casa dos avós do que em suas próprias casas. O que era natural, vendo que os dois tinham jeito para isso.
Antônio sempre soube que Judith era o amor de sua vida e era algo encantador de se ver. Mas assim como o tempo passa, a velhice chega.
E é claro, com ela vêm os problemas de saúde. Judith sentiu isso na pele. Vítima de um AVC, mais conhecido como derrame, que normalmente, deixa sequelas em quem as têm.
E não foi diferente com Judith, que havia perdido os movimentos do braço direito e da perna direita. Ela, que sempre ousou de cuidar de sua casa sozinha, lavar as roupas, fazer comida, uma mulher incrivelmente independente. Agora, se via tendo que depender de outras pessoas para arrumar a casa, cozinhar e lavar roupa. Até para andar precisava de ajuda.
Antônio sofreu junto com ela, cada dificuldade e problema que ela passava. Ele chorou junto, cada lágrima que ela derramava. Ele esteve com ela todo o tempo.
Levando-a para a fisioterapia, todas as tardes, mesmo que estivesse cansado para muitas coisas, ele sempre estava disposto para ela no momento em que necessitasse.
E aos poucos, ela foi melhorando, e quem pensa que ela desistiu de cuidar de seus afazeres?
Pouco a pouco, ela foi voltando às rotinas de sua casa, da sua maneira, mas ela limpava, cozinhava e lavava. Usando apenas um dos braços e uma das pernas.
Com alguma ajuda de vez em quando e para algumas coisas. Ela era um exemplo. Que mesmo depois de passar por tempos difíceis, ainda assim, lutava para não perder a capacidade de ser independente, para não se sentir inútil.
E com certeza, isso ela não era, nunca foi. E assim foram nos últimos dez anos.
Antônio levava Judith para a fisioterapia, para o médico ou simplesmente media sua pressão. Ele estava lá. Pronto para socorrer a qualquer momento. E nunca deixaram de estar juntos, nunca deixaram de se amar e se respeitar. Até que um certo dia ela foi hospitalizada, mais uma vez, com um segundo derrame.
E o estado dela foi se tornando cada vez mais grave. Antônio tornou a levar uma rosa para Judith todos os dias em que passara no hospital, assim como fazia quando roubava uma rosa do vizinho, mas dessa vez, ele apenas fazia algo certo por motivos mais certos ainda.
Aos poucos a situação de Judith foi piorando, e em uma das noites em que estava no hospital com Antônio, ela disse que não aguentava mais, mas tinha medo de deixar ele sozinho, porque ela sempre havia se preocupado mais com ele do que consigo mesma. Antônio disse para que não se preocupasse, mas sim, que se fosse chegado a hora dela, apenas vá em paz.
Ele mesmo, não aguentava mais ver a esposa sofrer todos os dias. Ela olhou para ele, apesar do olhar enrugado e mais velho, ainda assim, o mesmo olhar apaixonado de quando se conheceram e disse.
- Eu te amo Antônio, sempre amei e sempre vou amar.
Ele segurou em suas mãos, beijou a sua testa e disse.
- Eu te amo Judith, sempre amei e sempre vou amar. Para todo o sempre.
Minutos depois ela sorriu, e adormeceu. No dia seguinte, chegava à notícia que Judith havia falecido. Junto vinha o velório e o sepultamento.
E enquanto Judith era enterrada, Antônio se aproximou do caixão e disse alto, acreditando que de alguma forma, ela o escutaria.
- Você foi a melhor companheira que eu poderia ter, durante mais de cinquenta anos. Você foi tudo para mim e sempre vai ser. Uma parte de mim está indo embora com você, a melhor parte. Nada do que eu tenha feito por ti, foi o bastante. Eu te amo, Judith. Naquela mesma noite, Antônio estava em sua varanda, em meio a um céu estrelado. Ele se lembrou da frase do dia de seu casamento. “ Até que a morte nos separe.”
E ela havia separado. Pelo menos durante a vida, pelo menos por algum tempo. Mas a mesma morte que um dia os separou, seria quem um dia os faria se reencontrar.
O amor momentâneo viverá por certo tempo, mas o amor verdadeiro viverá para sempre.
Ele tinha certeza que ainda não era o fim.
E quase sem pensar, olhou para o céu, com os olhos cheios de lágrimas, e disse.
- Até que a morte nos reencontre, meu amor.


Dedico para você meu amor esta historia.
Eu te amo e te amare ate que a morte me leve.
WCR & MERN




A um certo ditado que diz que o amor é cego.
É justamente o contrário. Quando você ama de verdade, é capaz de ver coisas que ninguém consegue. Falam que você não consegue enxergar os defeitos, pura mentira também!
Você vê, estão todos lá.
Mas vê também algo que só você pode, como lidar com eles e contorná-los.
Então, o amor não é cego, ele é a maior lente de aumento que já inventaram.




O melhor de tudo é saber que pertencemos um ao outro. Não importa em que circunstâncias nós nos encontramos, nossos corações sabem exatamente onde querem estar e, principalmente, quem querem amar.

E que nossa felicidade não dependa dos outros, do que acham ou pensam, o nosso amor depende de nós, do respeito do cuidado de e pequenos gesto do quais só a gente sabe o quanto representa. Obrigada pro existir e ter cruzado meu caminho. *-* 



Sobre alto estima e não se abalar com os problemas do cotidiano.




Esse não é mais um daqueles meus textos de auto-ajuda, mas se de alguma forma te ajudar, tudo bem.
Olha... eu tenho visto muitas coisas por aí.
Parece que a cada dia que passa as pessoas ficam mais infelizes. É claro que todo mundo quer ter tudo.
Mas você sabe que isso é impossível. Alguma coisa sempre vai faltar, essa é a graça da vida e a grande questão do ser humano.
E seria tão mais fácil se a gente aceitasse isso sem questionar, não é mesmo?
Mas questionamos todos os dias, as horas, os segundos.
Entramos em um labirinto atrás de respostas. Eu sempre tive a cabeça e os pés nas nuvens.
Eu era um otimista nato.
Achava que tudo ia se resolver, que as coisas iam dar certo. Depois, vivi um período que chamo de aprendizado. Nele, passei noites em claro em busca de soluções, saídas e atalhos. Revirava na cama pensando nos problemas. E não resolvia nada.
Além disso, ganhava de brinde olheiras, uma cara amassa e um humor instável pela noite mal dormida.
Custou muito até que eu encontrasse o meu equilíbrio. Foi muito trabalho árduo, muita leitura, muita vivência, passos solitários pelas ruas pelo parque.
Hoje eu consigo dar bola para o que realmente importa. É claro que de vez em quando tenho algumas recaídas, mas aí puxo a minha orelha e digo: - Para. Chega. Sei que o sofrimento faz parte da vida, mas não quero sofrer mais. Não mereço. E acho que você também não merece.
Pra você pode parecer bobo ou clichê, e talvez eu seja mesmo bobo e clichê, mas sempre acreditei que o nosso pensamento coordena nossa vida. Se eu deixar, meu pensamento me domina e me dá tarefas diárias e cansativas. Mas meu pensamento não me manda não me governa, não é meu chefe e não paga minhas contas.
A gente tem que ter autocontrole.
Não gosto de ficar me queixando, deixar uma energia negativa circular a minha volta, sentir o azedume na boca, ficar com uma ideia fixa na cabeça. É por isso que minhas lamentações e reclamações duram no máximo 24h hoje em dia.
Não me permito mais do que isso.
Sou humano, é lógico que sim! É claro que fico puto, perco a paciência, perco a fé, perco a vontade, perco o saco, perco o rumo, perco a esperança.
Por 24h.
Depois eu chamo essas coisas de volta. Porque a gente tem que acreditar. Tem que saber enxergar as coisas na vida.
Sempre tem uma saída. Sempre. Sempre existe um novo olhar, um novo caminho, uma nova maneira.
Uma vez, escutei uma coisa que nunca mais esqueci: - Se o que você está fazendo não está dando resultado, talvez o problema não seja atingir a forma certa, e sim refazer as coisas. Fazer de novo, de um novo jeito. Se o seu jeito não está funcionando, troque de jeito até acertar.
Ah, é fácil falar. Claro que é.
Mas não é tão difícil assim fazer. Sabe por quê?
Existem coisas que dependem única e exclusivamente de você. Essas você pode se mover, batalhar, ir atrás.
Só que existem tantas outras que dependem de outras pessoas e outros fatores. Daí você vai esquentar a cabeça com isso?
Não, por favor. Isso é um crime. Problema todo mundo tem. Mas ele é que nem planta, se a gente rega ele cresce e se espalha por toda a vida.
Todo mundo tem problemas, em maior ou menor grau. E não pense que minha vida é azul como céu, e toda boa porque não é.
Estou cheio de problemas, cheio mesmo. É que nem todo mundo sabe, eu não conto. Hoje em dia sou mais contido, guardo as coisas pra mim, não saio falando dos meus problemas e das minhas neuroses para ninguém, nem para meus pais.
Eu não pago um terapeuta pra isso. Mas nunca estive com tantos problemas, pode apostar. Só que eu faço as coisas que posso. O que depende de mim.
O resto eu deixo a vida resolver. Se eu puder, dou uma mãozinha. Se eu não conseguir, paciência.
Não faço cara feia pra vida porque não quero que ela faça cara feia pra mim.
Nada vale a minha paz e o meu desânimo.

Feito em 12 de Janeiro de 2013.




Eu sou o caderno velho com páginas brancas. Sou as fotos velhas, de sonhos finalizados, guardadas no fundo da gaveta.
Sou os rascunhos no fundo da lixeira. Sou a risada que voa ao vento.
Eu sou o “Eu te amo” incompleto. Aquele SMS abreviado.
Sou a carta, escrita, sem motivo descrito. As palavras que o tempo sufocou no ar.
A brecha na lei. Sou o pássaro sem asas que caiu ao abismo. Sou todo o resto morto ou vivo que sobrou de mim. Aquele que vivia em mim que o tempo deteriorou.
Morreu, putrefou-se, se decompôs.
Foi-se, por motivo natural, surreal, destino, acaso, mágoa, receio, abstinência, alegria, fuga.
Só sei que foi.
E o que sobrou. A secura. O vazio mais seco que as folhas de papiro.
O que sobraram foram as histórias impregnadas na secura.
Histórias de noites e dias. Sóis e luas. Estrelas e nuvens.
O silêncio ecoa em mim, como aplausos falsos. O barulho mais alto é o sangue fluido. Mas nem no mesmo há energia. Já em minha mente, a única coisa que ocupa meu cérebro é o simples aprendizado que restou dos livros que eu engolia tão desesperadamente em busca de conforto.
Mas isso já mudou.
Os livros já não podem salientar o que eu tentava esconder.
Olhar para o céu estrelado já não ilumina meus olhos. Escrever já não desabafa.
Dormir já não evita visões que eu busco tão desesperadamente para parar de ver.
Já não faz três semanas desde o inicio do ano, e já perdi totais esperanças de realizar qualquer expectativa ou desejos para fazer esse ano valer a pena.
Coração cravejado pelo vento.
O vento carrega sons. Uivos, sussurros, ar.
Carrega notas musicais, musicas pensantes.
O vento que sopra dentro de mim, desde meus ouvidos ao meu corpo, são magníficos. Ventos que me fazem pensar. Cássia Eller, Renato Russo, Engenheiros do Hawaii, Marisa Monte, Caetano Veloso, Cazuza, Titãs e Los Hermanos. Os mesmos me confortam com palavras indiretas.
Meu peito compartilha um pequeno espaço entre músicas e palavras. Palavras cantadas ou lidas.
Mesmo o vazio ocupando o inteiro, são as Palavras ditas, lidas ou cantadas que alimentam esse vazio.
Quando o vazio começou a crescer mergulhei num drama melancólico que eu exalava constantemente. Melancolia narrada por Caio Fernando de Abreu, Gabito Nunes, Vinicius de Moraes, Paulo Coelho, Clarisse Lispector, Tati Bernardi, Carlos Drummond de Andrade.
As pessoas leem ou ouvem músicas por puro prazer. Ou pelo simples fato de se encontrarem em algo narrado ou que possa ser ouvido.
Eu sempre fui de apreciar o interior das pessoas. Colocando em prática aquela famosa frase de nunca julgar o livro pela capa.
Evitando olhar diretamente o corpo que recobre os órgãos, e tentando olhar mais profundamente para o interior das pessoas.
Mas isso não pode mais ser usado. Sempre tive como regra, para mim, só qualificar coisas que sou, o melhor.
O problema é que agora não sou nada.
Sou a qualidade literária brasileira esquecida com o tempo. Sou todo o resto que sobrou das frases.
Queria poder sofrer o efeito da chuva. Pois a chuva lava o corpo e umedece o ar. Mas a alma não sofre o efeito dessa deliciosa água gelada.
A alma tremula pelo ar gélido sufoca meu peito. Sinto-me como uma pedra com musgos.
Sinto como se andasse pelas pedras úmidas do caminho.
Pergunto-me de onde nasci. Da consciência ranzinza? Ou do subconsciente estúpido? Nasceu a morte velha.
E sobrou a morte nova.
Sobrou. Sobrou?
Sobrou ou só se manteve o que tinha?
O pouco.
O cheio vazio. O vazio que engoliu minha paz e venceu minha guerra.
Mesmo ele nunca tendo feito parte dela.
O vazio da caneca de café. O vazio com rastros de sangue branco.
O escorrer das páginas.

Nas noites de sábado.




Eu tenho que confessar a você que o meu lençol ainda não foi à máquina de lavar.
Gosto de sentir seu cheiro ao dormir, perceber sua essência entrando pelas minhas narinas e desviando o caminho do pulmão, indo direto ao cérebro como a fumaça de um cigarro.
Isso serve como um prêmio de consolação, isso me conforta em termos, isso me faz não chorar ao espreguiçar o corpo e não tocar a sua pele quente.
A memória pode ser a perdição do homem, lembro bem, a cada instante como você cobria meu corpo com a marca perfeita dos seus dentes, mas também pode ser sua salvação, sua tábua flutuante em meio ao mar de melancolia eu continuo recordando das suas unhas percorrendo meu peito e dos teus dedos desabotoando minha bermuda.
Sua aura lilás transbordando por cima de mim, melando minha pele esbranquiçada que pede pelo sol.
A sua cor ainda permanece no meu travesseiro.
Nossas roupas todas espalhadas pelo chão, e nossa alma espalhada por baixo do edredom, aquele ciclone, aquele vendaval que desordenou e virou tudo de cabeça para baixo, não passou da nossa cama.
Eu me perdi no meio dos teus beijos, e me enrolei na sua pele, e me misturei ao teu suor e cantei os gemidos junto aos teus, ali, éramos, realmente, um só.
Nas noites de sábado.

A espera da estrela.



Só há mais uma estrela neste imenso céu cinza.
Uma luz solitária, e um tanto quanto ranzinza.
A sobrevivente!
Logo Apolo chegará, montando o sol, imponente, e ela não resistirá.
Eu não resistirei!
Parado na janela, eu me afeiçoei por ela.
Porém, o dia, que para muitos é a salvação, levará embora a estrela da solidão.
Entretanto, meus parabéns!
Você abdicou da companhia, deixou pra trás as reféns da noite.
Você provou que sobrevive no crepúsculo, você provou que resiste sem ninguém.
Mas, infelizmente, o ponteiro não para, e tenho que me despedir, estrela solitária.
Quem sabe a gente não se esbarra em outra noite de insônia?
E, por favor, regresse.
Não quero ficar em preces pra rever uma velha nova amiga.
Enfim, a estrela maior já vem!
Espero que aguarde por mim também…


Festa das flores!


Eu queria ser poeta. Mais sou apenas um contador de historias.


O sol nasceu. Saiu detrás das montanhas e banhou o jardim com um calor saudável e gostoso.
A relva ainda úmida, deixando evaporar-se pela luz.
Está na hora.. começou o baile.
Dona Rosa foi a primeira a abrir. O vestido vermelho, perfumado a rigor, abraçando todo o corpo. Não era jovem, a mais experiente entre as flores. Mas quem precisa de beleza jovial tendo toda a elegância?
Logo atrás a linda fila de cores e cheiros foi-se abrindo. Todas querendo conquistar, todas tentando seduzir os milhares de insetos que adentravam o recinto.
Zumbiando, rastejando, pulando, cada um com seu gosto, cada um com seus fetiches.
Num canto meio escuro, onde a sombra se deita, a Flor Cadáver espanta as outras anfitriãs. Pobre coitada, odeia o mundo e por isso se fecha pra ele, passa o tempo e sentido inveja das demais, sai também pra dançar. A veste negra sobre a pele pálida dá o contraste até belo, os olhos irritados, pois só vê o sol uma vez por ano. Todos a olham com maus olhos, eles cochicham nas suas costas, mas há sempre um ser com gosto refinado. E quando a hora certa bate, alguns milhares de necrófilos aparecem para bajulá-la.
E entre aromas distintos e excitantes, os insetos vão fazendo a festa, mas sabendo que as flores apenas aproveitam de sua capacidade reprodutora, de espalhar por aí sua beleza futura, de fazer a espécie floral não acabar.
No meio da multidão aquela Bolsa de Pastor se destaca com seu traje balonê. Dançando, rodando, soltando beijinho e piscando, aquele típico estilo satisfatório, hiperativa atrai os mais iludidos insetos, aqueles que sonham com uma noite quente, selvagem e amorosa. O escolhido quase vai ao chão quando seu olhar bate ao dela, sendo conduzido à sua dança, nem percebe quando entra na armadilha, por isso é tão difícil de sair. E simplesmente morre feliz, bêbado e de barriga cheia. Ainda ganha um carinho antes de partir, talvez esse inseto tenha sido, realmente, o mais sortudo da festa.
Os desprovidos de asas nem sonham em tê-las, vão com seus pés no chão atrás da primeira parceira. Nunca é tão fácil, geralmente as rasteiras tem espinhos e elas precisam de proteção contra insetos insensíveis, no meio da procura olham pra cima e vêem toda aquela suruba. 
Pra quê todos esses esforços?
Acham que só porque saem do chão vão achar coisa melhor. Pobres criaturas sonhadoras.
Praqueles ganhadores que voam alto existem as cores mais lindas. Esbanjam-se.
As flores lá de cima viviam no paraíso, pois seus polinizadores eram os mais gentis e cordiais, mas com inveja delas, a Trepadeira desafia a gravidade e escala as concorrentes. Embora, mesmo lá no topo, elas não encontram pretendentes e enraivecidas estrangulam as outras pobres e recém abertas flores.
No jardim a orgia continua.
Flores usando insetos, insetos amando flores.
E o velho jardineiro apenas observava, atento as diversas flores que são a poesia e os insetos coletores os poetas.





Para complementar o texto abaixo, um vídeo que eu simplesmente adorei e que certamente faz parte da política da Sociedade do Blog Alternativo. 

O mendigo.



Querido...
Escute o que lhe digo.
Você vai morrer sem amigos e desprovido de qualquer abrigo.
Irão te empurrar sem a menor pretensão. Mas você, com a garrafa na mão, perecerá deitado na contramão, sem glicose para pôr na veia. Sem nunca ter tido uma ceia.
Nunca despertou a fé alheia, e não seria agora a livrar-se da poeira.
Quem o fez ir nada mais fez que um favor. Quem só fez rir, já está acostumado ao terror.
Mas não se preocupe meu caro mendigo, esse é o ponto.
Como você tem tantos... eu nem te conto.
Inúmeros mendigos de alma. Sendo tapeados e mantendo a calma. Adiando o fim dos meses, morrem umas duas ou três vezes, nem percebem, que o verdadeiro mendigo são eles.
Não mendigando pão, pois eles já têm de montão, mas estendem a mão, pedindo compreensão.
Você não pôde ir à escola, por isso pede esmola. Eles entram nela, e saíram pedindo pela ruela, o brilho que eles perderam quando se submeteram à sociedade.
Então, caro mendigo, agradeça por ser apenas mais um ao meio de muitos.
Você viveu sem ser reconhecido. Mas morreu sabendo quem tinha sido.


Sobre o que as pessoas aprendem ao longo de suas vidas.




Aprendi que se aprende errando. Que crescer não significa fazer aniversário. Que o silêncio é a melhor resposta quando se ouve uma bobagem.
Que trabalhar significa não só ganhar dinheiro. Que amigos a gente conquista mostrando o que somos. Que os verdadeiros amigos sempre ficam com você até o fim. Que a maldade pode se esconder atrás de uma bela face.
Que não se espera a felicidade chegar, mas se procura ela. Que quando penso saber de tudo ainda não aprendi nada. Que a natureza é a coisa mais bela na vida. Que amar significa se dar por inteiro. Que um só dia pode ser mais importante que muitos anos. Que se pode conversar com estrelas.
Que se pode confessar com a lua. Que se pode viajar além do infinito. Que ouvir uma palavra de carinho faz bem à saúde. Que dar carinha também faz… Que sonhar é preciso. Que se deve ser criança a vida toda. Que nosso ser é livre. Que Deus não proíbe nada em nome do amor. Que o julgamento alheio não é importante. Que o que realmente importa é a paz interior. E finalmente, aprendi que não se pode morrer, pra se aprender a viver

Sobre o mundo que criei para você!




Eu andei pensando bastante no que a gente pode criar.
Eu já tenho meu universo de livros sobre o espaço, com abraços irregulares e desjeitosos, mas fortes.
Eu tenho meu mundinho pequeno e confortável repleto de frases guardadas, que eu ainda pretendo usar. Eu tenho meu lugar dentro da minha cabeça com poesias relativas. Eu tenho as letras das músicas mais lindas guardadas na minha memória que eu quero compartilhar com você.
Eu tenho meus livros preferidos e minhas opiniões sem jeito sobre eles. E eu quero que você escute todas as palavras que eu tenho a dizer.
Eu tenho minhas coisinhas guardadas no fundo do baú e quero que você leia meus planos mirabolantes de geógrafo para conquistar a Terra e a Lua. Eu quero conquistar a lua com meu parceiro herói igual nas histórias de crianças.
Mas há tantas luas por aí…
Qual seria a lua certa pra gente?
Eu quero abrir minhas opiniões e quero discutir com você sobre elas. O universo é tão grande pra gente, mas o nosso universo é tão nosso.
Eu quero recitar poemas nos teus ouvidos e te contar segredos sobre o fim de tudo. Eu andei pensando em te escrever poemas e guardar em uma caixinha, pra te contar que há tantos lugares pra gente conhecer, porque o nosso infinito é tão diversificado.
Eu ando querendo te dizer as frases que tanto guardo há tanto tempo. Eu andei pensando bastante no que a gente pode criar.
Eu já tenho meu universo, você sabe, mas ele se tornaria tão mais infinito juntando com o seu. E o nosso universo criaria um mundo, em que nós somos os únicos habitantes em meio há tanto céu, e nuvens e poemas.
Vem, entra no guarda roupa encantado que eu escondo na parede do quarto, e me mostra que a gente pode criar um “nós” tão especial quanto o sol.
E que a chuva do nosso mundo, seja de chocolate. E que se houver tempestades, logo depois virá a noite fresca trazendo o vento que bate em nosso rosto. E se um de nós gritarmos, que seja recitando um poema de Fernando Pessoa, ou então, citando aquela música que diz que o mundo é nosso.
Mas qual mundo, meu bem?
Você sabe, aquele que a gente criou em meio a outro que eu nem sei mais viver. Aquele que eu guardei pra quando a gente descobrir que os problemas não valem a pena, que as palavras guardadas formam um nó na gente, que o nosso sorriso será a nossa melhor arma e que a gente tem que chorar sim.
Só que de tanto rir.

Sobre sangue, ilha de medo e sobre o medo!



Sábado. Tristeza. Solidão. Tudo isso fez nascer este texto.



O inferno não tem cheiro de enxofre.
O céu já me mostrou demônios.
Perdões e pecados, juntos, como espírito e carne, caminhando lado a lado na trilha do meu purgatório onde os gritos de tormenta são teus sussurros que me gritam incertezas e talvez.
O paraíso como ilha deserta, tranquila, sem coral e sem perdição. O avesso é o lado de cá, inflamável e masoquista.
A paz também enlouquece os solitários, mesmo aqueles que já venceram a guerra das bocas e erguem a bandeira branca manchada de sangue e vitória como papel e lápis. A companhia das letras é veneno bom para tomar aos poucos.
Aos bocados, ela seca e desentope as artérias do que deve explodir dentro da gente.
Não sei e nem quero ir para o céu todos os dias, porque sou feito de metades.
A linha que separa os meus desejos é o medo que se alimenta das pedras de todas as fortalezas que construí na vida. Medo que me impede de ser salvo e morar na ilha, medo que impede que tais paredes me isolem das tragédias e do inferno que preciso para sobreviver.
O sofrimento que respiro é o oxigênio filtrado. Sem ele a poeira invadiria meus pensamentos e a pureza do meu pulmão ilhado seria expelida como um espirro.
É esse inferno que eu preciso.
Esse olho vazado, esses pés rachados, esse coração crescido.
O lixo, a doença, a operação tão arriscada que nenhum cirurgião conseguiria realizar, esse tumor que inflama no meu cérebro ferido.
Os ossos espalhados pelo chão, a dor, a alma despejada aos pedaços como corpo leproso, as vísceras virando comida de abutres cegos, os apedrejamentos em praça pública, os rios de melancolia que escorrem mau cheirosos pelos córregos e esgotos a céu aberto são apenas os meus dias ruins.
Meus dramas e meu inferno.
Ai do Demônio se eu não tivesse sede de ser feliz.
Ai dos anjos se eu fosse o Deus do meu corpo.
Ai do mundo se eu não tivesse medo, ai de mim se a vida não me perdoasse.
Eu só não me arrependo de morar no purgatório porque o teu amor também tem mania de ficar em cima do muro.



Algumas, primeira vez!




A vez em que cheguei em casa, empolgado com um mundo novo que se abria diante dos meus olhos de menino, e tirei da minha mochila a cartilha ainda cheirando a nova e abri na primeira lição e li para minha mãe, encantada, as primeiras palavras da minha vida, que tinha acabado de aprender naquela tarde de verão.
A vez quando, entre os raios de sol que pendiam dos galhos de uma arvore, eu vi uma arara amarela e azul e me senti abençoado e quando duvidaram de que eu tinha visto em plena cidade algo tão raro a ponto de se tornar só uma história que se ensina na escola tive a segurança de responder simplesmente. “ - Eu senti que era”.
A vez em que primeiro subi na minha moto e fui para a estrada e senti a fragilidade da minha vida e a liberdade de não estar somente passando pela paisagem, mas fazendo parte dela, sendo filho do vento, gritando de excitação dentro do capacete debaixo da chuva leve que caía.
A vez quando, numa quinta-feira sem nada de especial, andando pela rua num final de dia eu me senti subitamente feliz de uma felicidade tranquila e serena, subitamente consciente, e sorri, sem uma testemunha sequer, o sorriso mais satisfeito que lembro de ter dado em minha vida e que desde então, ainda esse mesmo sorriso, volta ao meu rosto em certas ocasiões, foi nesta mesma quinta-feira que eu te vi pela primeira vez, se não me engano quatro de Junho de dois mil de nova.
A vez na qual, depois de ter resistido a uma tentativa de assassinato numa viagem solitária, corri meio continente de volta para casa e encontrei minha mãe ainda de pijama, com um bule de café fumegante no fogão e, sentado à mesa, no silêncio de quem não sabe ou não quer dizer nada, senti como nunca a força delicada do amor de quem nos cria para entregar ao mundo.
A primeira vez em que eu sonhei que entrava amedrontado e ansioso, diante dos meus amigos e da minha família, olhava para as portas da igreja que se tinham acabado de abrir e você caminhou em minha direção e eu soube que não desejaria da vida, daquele momento em diante, nada mais que não seja me dedicar a você até o último suspiro que Deus me permitir dar neste mundo, pena que foi apenas um sonho, mas sorte que foi apenas o primeiro.  
A vez em que, mesmo depois de já ter ouvido várias vezes, eu realmente ouvi a Nona Sinfonia de Beethoven e senti o corpo arrepiado e chorei e agradeci em silêncio Àquele que deu ao homem a capacidade e a sensibilidade para criar coisas tão maravilhosas.
A vez que numa manhã nublada e um pouco fria em que eu e meu pai caminhando a beira da praia no ultimo dia de ferias encontramos um casco de um certo molusco não sei ao certo entre os galhos que o mar arrastou para a praia numa noite de tempestade e pensei em quanto não havia vivido aquele animal, em que segredos submarinos não guardava aquele casco silencioso, até que viera morrer nas areias daquela praia.
A vez, depois de meses longe da escrita, anestesiado por falta de tempo, de inspiração ou mesmo de vontade, em que resolvi checar, num gesto meio mecânico, uma das minhas contas da internet e chorei ao encontrar uma mensagem de uma pessoa, uma mãe de família que me leu e lembrou-se de um sonho e começou ela também a escrever.
São essas vezes, essas pequenas ocasiões luminosas, muito mais que os grandes intervalos entre elas, que nos fazem quem somos.
São essas vezes, e ainda muitas outras de que não me lembro agora e umas tantas sobre as quais, de tão sublimes e fugidias, não conseguirei jamais escrever.
São essas vezes.




Escolhi pintar em vez de escrever!


Eu queria ser poeta. Mais sou apenas um contador de historias.


Na panela, macarrão queimado, ele cismou de fazer artesanato, cheiro de tinta pela casa inteira.
Mesmo ali, no terceiro azulejo branco da esquerda pra direita, ali a denúncia das novidades, mancha disforme e magenta saltando a olho nu.
A vizinha segue rindo um riso esgarçado, estridente, e a televisão alta indica que o motivo do riso é igualmente patético, mas você sabe, não há nada mais triste que um domingo, dia sem dentes, somente a gengiva nua e amolecida sorrindo pra nós. Enquanto toma conta das suas minúsculas quinquilharias artesanais, diz com uma voz esquecida de emudecer.

- Eu também seria escritor se soubesse como. Eu escreveria muitíssimo se pudesse, montes e montes de páginas, escreveria horrores, até transbordar, uma puta de uma overdose de palavras pra todos os cantos, até não restar mais nada o que dizer! Mas, olha, não sei, acho que vocês são mesmo é loucos, vocês que se dizem escritores, porque escrever é também falar sozinho, não é? Vocês falam e falam, mas vocês não dizem muita coisa, agora mesmo, eu estou aqui falando enquanto você não diz nada e só quem me ouve é o pote de tinta, o ex-macarrão que um dia já esteve nesse mundo e agora é pura massa queimada na panela, você que é você não está nem por aqui, você está é todo pra dentro que eu posso perceber, todo pra dentro, sem palavra nenhuma pra me dar. Sobre a madeira crua, a tinta azul petróleo, vai ficar bonito, vai fazer alguém feliz esse porta-retrato enfeitado, mesmo que ninguém o compre, ele já nasce com a possibilidade de se doar pras utilidades alheias e isso por si só já é bastante, não é? No fundo, no fundo, o que a gente faz é sempre uma tentativa de se dar um pouco mais... e consegue?

Pois é, eu sei, estou falando demais, isso é pra você ver o que as palavras fazem, umas vão puxando as outras, fazem a gente entrar num ciclo e no fim das contas, era tudo artimanhas, pois nada de fato foi dito, estamos sempre patinando na própria voz. Por isso mesmo que eu gosto das tintas, nada é prometido, nada chega a lugar nenhum, apenas uma superfície cobrindo a outra e fica tudo por isso mesmo, inclusive, pensando bem, se eu pudesse escrever, talvez eu preferisse não escrever nada.
Assim como preferi não sair e não ganhar meu salário mensal, mas sim percorrer os outros caminhos que as pessoas desmerecem mas existem e existem para serem caminhados.
Já no prato está o frango, plano B pros desvios naturais do percurso, ele comendo como quem rumina, ele falando como quem vomita, cheiro de tinta pela casa inteira.
E eu não preciso de uma caneta e um papel pra encontrar meus sentidos, amor, vez em quando a gente prefere não fazer as coisas simplesmente porque a gente pode preferir, a gente pode não fazer, e o poder não fazer é tudo, mesmo quando não muda nada.
Eu mesmo posso largar agora esse pincel colorido de laranja, esse futuro porta-retrato que um dia vai segurar a marca da vida de uma outra pessoa, eu posso largar e ir embora, sair por aí, ir ao parque, eu posso, e é o poder que me situa, você entende?
Às vezes, confesso, fico me perguntando e só te digo isso porque sei que você não ouve, se ouvisse realmente não te daria confissões, eu fico me perguntando se essas nossas liberdades não são um disfarce pro nosso querer tão desesperado, será que não?
Será que eu penso que posso apenas pra achar que, se faço, é porque quero, enquanto no fundo a verdade é que eu preciso?
E, meu Deus, olha só pra você, ninguém nem diz que é um escritor importante, centenas de textos publicados, prêmio sei lá da onde, ninguém diz, você comendo esse feijão e essa linguiça no domingo, todo nu das palavras, parecendo até um mudo, até um muro, ninguém diz!
Eu mesmo também não digo é nada, pra mim você é um homem quase anjo.
Se quiser me deixar, já disse, tenho aqui as minhas artes, necessárias ou não, tenho aqui minhas imposições, mais te peço que leve, essas mil páginas espalhadas pela casa, leva essas letras, para que nunca se esqueça de mim.
Pensando melhor, ainda bem que não posso escrever, que desespero seria se eu pudesse… aliás, melhor ainda que eu nem saiba como escrever, se soubesse, seria obrigado a desaprender. Porque seria obrigado a escrever diária mente sobre a nossa historia.
Eu prefiro ficar aqui pintando você, eu. Ah nossa vida.
Espera!
Você ainda não entendeu não é?
Eu te amo e sempre irei te amar.
♫ Let your memories grow stronger and stronger
'Til they're before your eyes


Viva o Livre!

Declaro aberto os portões desta Sociedade Alternativa. Sintam-se platéia de um palco cheio de personagens que nem eu sei de onde vieram.
A única coisa que sei é que eles estão dentro de mim e que vão começar a aparecer.

Melhor se acomodar, que a cortina já abriu...

Curiosidades..

Minha foto
"Eu acho legal o pessoal acessar o blog e não deixar um recadinho… É massa, é a mesma coisa que você cagar e não puxar a descarga… Porque querendo ou não você usou aquilo, pode ser num momento de merda, mas usou certo? Não custa deixar um recadinho falando… legal…"

Seguidores

Blog Archive

Eu queria ser poeta. Mais sou apenas um contador de historias.