Guardo no vazio do meu bolso o dinheiro que não tenho,
no vazio do quarto a cor que não criei.
No vazio da folha o poema que nunca aprendi a escrever.
No vazio dessas gaiolas penduradas por toda a sala eu guardo
a mim,
sonhos nunca sonhados, frases já mais ditas.
Guardo toda vez que esbarrei com olhos gentis num café nas
ultimas horas do dia, guardo toda vez que meu telefone tocou com uma noticia
boa.
Guardo nas minhas gaiolas o vôo que nunca dei,
abraço que recebi.
Guardo mais: Guardo o que sou e não soube explicar,
guardo o que não cabe dentro das minhas costelas.
E são, minhas costelas, a maior gaiola viva que guarda o
maior vazio vivo.
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