Fico
aqui me perguntando na maioria das vezes quando a porta do quarto já está
fechada, o motivo de fechar a porta.
Privacidade,
conforto ou mania?
Fechar
a porta quando a casa está uma verdadeira bagunça, quando todos os
eletrodomésticos estão ligados ou o seu pai está assistindo a um filme no qual
as pessoas só atiram é normal. Os ouvidos merecem paz interior, também.
Quando
uma visita chega na sua casa, você fecha a porta para conversar mais relaxada
assuntos que quem está lá fora não precisa saber.
Aceitável,
também.
Fechar
a porta quando o celular toca e é a pessoa que você ama, e você quer conversar.
Totalmente
aceitável.
Mas
fechar porta quando se está sozinho, isso mesmo, sozinho, onde você pode
aumentar o som na maior altura e no máximo e se tiver azar o vizinho vai
reclamar, é normal?
Não,
é mania.
Da
mesma maneira que se cria a mania de dormir com ou sem pijama é mania de fechar
a porta sempre que se entra no quarto. Com a idade, o quarto vai virando uma
espécie de casa dentro de casa. Sua mãe começa a mexer menos, começa a
perguntar menos sobre objetos que aparecem na prateleira, começa a
aceitar sua bagunça. Chega-se em casa, cansado do dia que esgota até a última
disposição da alma, tranca-se no quarto e só assim você diz: cheguei em casa.
Você
tira a roupa sem pudor, joga no chão, deita na cama suado, pega o celular,
lê a mensagem que chegou, deixa a mensagem aberta em cima do criado, tira do
bolso da calça as anotações do dia os recibos do cartão de credito, joga na
gaveta sem restrição de que alguém vai dar conta de como o seu dinheiro foi
usado.
Tomar
banho de porta aberta se você tem uma suíte, andar pelo quarto sem toalha, estudar
deitado na cama com os pés levantados na parede.
Tudo
é permitido.
O
quarto de porta fechada é um dos mundos mais confortáveis que se tem. O fato de
estar só, longe de olhos questionadores, colabora para isso.
Uma
coisa que se percebe, quando se vai morar com alguém, é a divisão do quarto.
Duas pessoas começam a dividir um espaço que antes já foi particular. A cama é
para dois, o guarda roupa é para dois, o banheiro é para dois, a mesa tem duas
cadeiras, dois travesseiros, dois lençois, duas toalhas, tudo duplo. É quase
inevitável ter que mostrar tudo o que se está sentindo quando a situação dupla
está em vigor.
A
outra pessoa vai, querendo ou não e de alguma maneira, perceber a
maneira como se dorme, como se veste, como se esconde as lágrimas, o tempo que
se demora no banheiro. Então, usa-se a sala como refúgio. Um refúgio sem porta,
mas pelo menos, solitário quando a outra pessoa decide ir dormir.
Usa-se a cozinha
para confortar o que está machucando. Sim, comida é um ótimo amigo!
Preenche todos os nossos vazios no fim do dia.
A
porta fechada também alimenta a imaginação.
Quem
fica do lado de fora, fica pensando o que está acontecendo ali dentro. E
quer ver curiosidade maior?
Imagina
a situação: uma pessoa bate na porta, quem está dentro grita para esperar
alguns minutos, a pessoa de fora escuta um barulho de coisa sendo arrumada,
guardada e só então quem está dentro abre a porta. Quem está fora fica com uma
cara de nada olhando, procurando algo e a pessoa de dentro louca para dizer
tchau e fechar aquele pedaço de madeira vedante com trinta voltas de
chave. Ou pior, quem está dentro, abre 5 centímetros de porta e diz: o
que foi? Sem ao menos permitir que a pessoa que está fora saiba se você esta nu
ou não.
Intrigante,
muito intrigante.
Bem,
deixa eu ir abrir a porta. O vento precisa circular, eu preciso andar e o você
vai imaginar como sua porta funciona depois disso aqui.
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