Ah quanto tempo eu não escrevo uma crônica! Olhando umas
fotos de nuvens no facebook que alguém postou, simplesmente veio este texto, e
em poucos minutos ele estava pronto!
Imaginação nas nuvens!
Olhando para o céu, vi a morte. Não era alguém caindo de um
avião, nem um pássaro baleado pairando no ar na tentativa inútil de não
alcançar o chão.
Era uma nuvem. Uma nuvem que não era minha em um céu que não
era meu.
Elas não estavam ali, atrás da janela, para compor os
cenários dos meus delírios ou servir de panela para afogar sonhos, estavam ali
porque o lugar delas é lá.
Os olhos atentos observam suas formas, a imaginação formula
formas inimagináveis, as dores são aliviadas diante de tanta leveza, e após
alguns minutos, tudo se dissolve, desaparece, morre.
Aquela sua nuvem sumirá e nunca, nunca mais aparecerá. E
restará o lirismo escrito, a vontade de dar-lhes um pouco mais de tempo de
vida.
Nuvens não gostam de morar em uma casa que tenha portas, não
suportam passar as noites em um quarto, trancadas, vendo a noite ir e a manhã
chegar sem cerimonial. (3h:55m)
Como seria triste, sentar na areia, sentir o vento frio da
madrugada se despedindo e assanhando os cabelos e ver o nascer do sol sem
nenhuma nuvem para refletir os inúmeros raios amarelos do
sol.
O sol teria que acabar com a sua timidez matutina, a chuva teria que se tornar independente e fazer
um acordo com o céu ou com os bicos dos passarinhos.
E outra, não tem abrigo para tanta nuvem.
Imagina todas as nuvens do céu tendo síndrome de medo de
altura?
Seria o caos aéreo, terráqueo, marítimo, literalmente!
Asilos para
as nuvens maiores e mais velhinhas. Orfanatos para as nuvens que se perderem
dos pais. Hotel para as nuvens turistas. Motel para as nuvens safadas. Albergue
para as nuvens estudantes. Casa dos outros para as nuvens metidas. Enfermarias
para as nuvens nervosas que correm risco de sofrer paradas cardíacas. Não dá
para guardar nuvem no guarda roupa, uma vez que se elas inventarem de chorar
com saudade da lua, do sol e das estrelas vão molhar tudo o que a de roupa e
ficará um cheiro de mofo tragicamente incrível e não terá giz, carvão, sal
grosso, pó anti-mofo, macumba, secador que dê jeito!
Mofo de choro de nuvem é um desastre quando não cai do céu.
Pouco me importo se as nuvens não são minhas, mas eu gosto
delas.
Apenas gosto muito delas.
Não sou possessivo e não
estou muito disposto a levar nuvem depressiva, por não conseguir se adaptar ao
novo ambiente, para analista!
Nuvem nasce, se cria, morre e leva consigo os infinitos
problemas, loucuras, rinocerontes, espadas, rostos, daqueles que se pegaram
destraidos olhando para cima. Nuvens no céu, meus sonhos na nuvens e a graça da
vida nos sonhos.
Melhor assim.
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